sábado

Biografia


Joaquim de Oliveira Lima

Biografado por Francisco de Assis Martins.
(Prof. Melo)
 
Nasceu em Ipu aos nove (09) de agosto de 1894, filho de Joaquim de Oliveira Lima e Joana Gonçalves Lima. Aos 11 anos de idade seguiu para Santa Quitéria, em companhia do seu Irmão Mons. Gonçalo de Oliveira Lima, então vigário daquela cidade. Estudou algum tempo em S. Quitéria e em março de 1907, trasferiu-se para Fortaleza, onde continuou seus estudos na Fênix Caixeiral, onde mais tarde ou seja no dia 02 de abril de 1913 recebeu o título  de sócio efetivo da Fênix e no ano de 1914 foi diplomado pela Fênix Caixeiral no Curso de Contabilidade.
Terminado os seus estudos, voltou para sua terra natal IPU, aonde chegou no dia 30 de abril de 1917, passando logo em seguida a pertencer à sociedade “Lima & Cia”, do seu tio Gonçalo de Oliveira Lima, conhecido também como Gonçalo Manoel.
Como dirigente da firma tinha todo conceito do alto comércio de Sobral e de Fortaleza, como do comércio local, com uma grande fluência de fregueses na sua loja que era de Tecidos.
No dia 03 de junho do ano de 1917, conheceu Gessy Coelho com quem trocou juras de amor, filha de José Euclides Coelho e Osória Sales Coelho tinha encontrado o seu príncipe encantado; passaram a namorar, noivando no dia 27 de abril de 1919, casando-se no dia 06 de setembro no mesmo ano de 1919.
Residiu por vários anos na Praça São Sebastião.
Resalte-se que para cada uma dessas datas ele compunha uma Valsa, pois era um músico por excelência.
Em seguida abriu uma outra firma, também de tecidos, tendo a frente da mesma o seu cunhado João por nome Bataclan Araújo Chaves. Deixando o ramo de tecidos abriu uma outra firma, desta feita um Armazém de Ferragens e outros produtos com o nome de Lima & Cia.
Foi nomeado Interventor Federal de Ipu, no dia 30 de outubro de 1930 pelo Capitão Roberto Carneiro de Mendonça. Neste período veio a seca de 1932. Joaquim Lima passou a dirigir o Campo de Concentração de Ipu na localidade de Espraiado, distante 02 km da cidade sendo ali o acampamento dos flagelados vindos de várias partes do Estado do Ceará. Foi uma passagem difícil para aquela época, mas mesmo assim Lima conseguiu dirigir o referido Campo de Flagelados com êxito e dignidade. Dirigiu dentro desse mesmo período a Prefeitura Municipal de Ipueiras.
Foram muitas as obras realizadas na sua administração citamos aqui apenas algumas.
Construiu a Cadeia Pública onde hoje é Casa de Cultura Professora Valderez Soares e fez uma remodelação no antigo prédio onde hoje é a Prefeitura Municipal de Ipu.
Construiu o Matadouro Público e a Aguada Pajeú. Criou várias Escolas Municipais na sede e nos Distritos. Cuidou do Riacho Ipuçaba dando um tratamento todo especial a nossa principal fonte de água. Deu preferência especial a manutenção das ladeiras e estradas do interior do Município. Calçamentou várias ruas e praças de nossa cidade. Deu destaque para limpeza Pública e especialmente ao Mercado.
Historiador por excelência fez o primeiro traçado do Município de Ipu com todas as ruas, praças e Distritos.
Como Prefeito Interventorial fez a denominação de várias Ruas de nossa Ipu.
Passou o cargo de interventor ao Dr. Luiz Gonzaga da Silveira, no dia 24 de abril de 1935. Fez Bodas de Ouro como confrade da Conferencia de São Gonçalo. Ocupou também o cargo de Tesoureiro da Sociedade de Proteção a Maternidade e a Infância de Ipu. Membro fundador do Gabinete de Leitura Ipuense, e do Grêmio Recreativo Ipuense. Dirigiu ainda o coro Santa Cecília. Como músico tocava Flauta Transversal e Harmônio. Foi compositor de várias Valsas, Polcas e Marchas, inclusive uma Marcha Grave (Fúnebre) intitulada Desilusão que foi executada no seu enterro. Faltaram-lhe com a devida gratidão imortalizando o seu nome em uma de suas Ruas, Praças e Avenidas, mesmo porque Joaquim Lima foi o primeiro Prefeito que mais designou Ruas, Praças e Avenidas em nossa Cidade. Faleceu vítima de ataque cardíaco no dia 16 de agosto de 1967.

quarta-feira

História Hino Nacional


A Evolução do Hino Nacional Brasileiro
Ata de aprovação da partitura para piano e canto



Símbolo sagrado da Pátria, tal como a própria Bandeira, o Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manuel da Silva – escrito em 1822/23 ou, segundo outros autores, em 1831 – e que a 6 de setembro de 1922, foi oficialmente adotado pela República, já com letra de Joaquim Osório Duque Estrada, não tem sido preservado com a dedicação e o carinho que deveria merecer de todos os brasileiros. Basta dizer que o próprio Museu Histórico Nacional não possuía uma única gravação do Hino Nacional Brasileiro, que foi, entretanto, registrado mais de 30 vezes por algumas das mais famosas orquestras e bandas brasileiras e até, internacionais, por exemplo, temos como execuções históricas a da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo Maestro Eugen Szenkar, a da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com coro, regidos por Heitor Villa-Lobos, a da Banda do Corpo de Bombeiros, Banda do Corpo de Fuzileiros Navais, Banda Internacional, etc. Existem também gravações curiosas, como a do tenor Vicente Celestino, e a de Paulo Gracindo – em que este declama a letra de Duque Estrada.
História do Hino Nacional Brasileiro

O Hino Nacional Brasileiro, segundo alguns autores, foi composto para comemorar a independência da nossa Pátria. Se Francisco Manuel não o escreveu nos quatro últimos meses de 1822, deve tê-lo feito no decorrer de 1823, sendo que, neste último ano, a peça teve sua primeira execução oficial. O compositor ainda não chegara aos 30 – precisando melhor, deveria contar, então, com 27 ou 28 anos de idade.

Francisco Manuel da Silva, escreveu os primeiros compassos, no balcão de um armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Rua Regente Feijó.

                 Capa                                Partitura Original para piano




Essa casa comercial era também o ponto de reunião de um grupo de amigos e cultores da música: Francisco Manuel; o cantor da capela imperial, mais tarde, cônego Zacarias da Cunha Freitas; Laurindo Rebelo, o célebre poeta “Lagartixa”; Bento Fernandes das Mercês; José Rodrigues Cortes; e o proprietário da loja, o clarinetista amador, José Maria Teixeira.
O compositor fez a música sobre uns versos do desembargador e poeta piauiense, Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que circulavam entre os patriotas: “ Os bronzes da tirania / Já no Brasil não rouquejam / Os monstros que a escravizam / Já entre nós não vicejam / Eis se desata / Do Amazonas / Até o Prata “
Manuscrito original 



Por ocasião da abdicação de D. Pedro I, ocorrida a sete de abril de 1831, um hino começa a se popularizar sob o título de, Hino Sete de Abril. A música é de Francisco Manuel ; os versos, os de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva. Associado a esses dois eventos de nossa história, o Hino Nacional Brasileiro – que inflama hoje, quando executado, a alma da nossa gente, mas atormenta os pesquisadores em particular – a qual data está realmente vinculado a 7 de setembro ou a 22 de abril ? Foi composto, enfim, em 1822/23, ou 1831?
Um novo acontecimento histórico, a coroação de D. Pedro II, e eis que a primitiva letra sofre uma adaptação para exaltar o soberano brasileiro: “Negar de Pedro as virtudes / Seu talento escurecer / É negar como é sublime / Da bela aurora, o romper”. Medíocre a versalhada, mas a musica só fazia crescer com o tempo no coração dos brasileiros.
Ao ser proclamada a República, os que pretendiam apagar todos os vestígios do Velho Regime, pensaram logo em substituir a música de Francisco Manuel, e não sossegaram enquanto não foi aberto um concurso para a escolha de um novo Hino Nacional Brasileiro.
Foi marcada para a tarde de 20 de janeiro de 1890 a escolha solene do melhor hino concorrente. Mas, no dia 4 desse mesmo mês, um vibrante artigo do critico musical, Oscar Guanabarino, abriu a questão em favor do velho hino de Francisco Manuel. Argumentava que o Hino Nacional Brasileiro, nunca fora considerado pelo povo como o hino de D. Pedro II, mas como o Hino da Pátria. E perguntava a Deodoro: “Marechal, nos campos do Paraguai, quando ‘a frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional. Qual era a idéia, o nome que acudia a vossa mente no instante indescritível de entusiasmo – Pátria ou o Imperador ? E apelava : “Decidi portanto,digno cidadão, de acordo com a resposta da vossa consciência”. No mesmo dia Deodoro, declarava pessoalmente a Guanabarino: “Li o seu artigo e estou de pleno acordo”. Quando, no dia 15 de janeiro, a Marinha – tida, por alguns, como monarquista - foi saudar o Ministro Wandenkolk e o novo Governo, no Palácio Itamarati, o Major Serzedelo, em nome da imprensa e do povo, fez um pedido a Deodoro: que o antigo Hino Nacional fosse considerado o da Pátria. O Marechal deu um sinal de assentimento a Benjamim Constant, e este declarou que o Hino Nacional seria conservado, “como o da Nação Brasileira” . Logo depois as bandas de música do Exercito e a do 23º de Infantaria atacaram o Hino de Francisco Manuel e Deodoro comovido, foi aclamado no meio de um delírio geral. E “ O Pais “ dois dias depois, Guanabarino comentando o ocorrido, exortava os milhares a guardar “ esse hino que ouviste na infância. Ele representa uma idéia nobre, um nome respeitável, encerra a história de vossas glórias e atesta a vossa gratidão “. E como não era mais possível ao Governo Provisório, cancelar o concurso, ficou resolvido que este apontaria, não o Hino Nacional Brasileiro – que continuava sendo o de Francisco Manuel – mas o Hino da Proclamação da República.
E foi assim que, ‘as 13 hs., do dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, diante de Deodoro, com seus ajudantes de ordens, dos Ministros, do Interior, da Justiça, da Guerra e da Agricultura, foram executados, sucessivamente, por banda regida por Carlos de Mesquita, os quatro hinos finalistas : de Francisco Braga, J. Queirós, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Repetidos e – ‘a execução do de J. Queirós – muito aplaudidos, a Comissão Julgadora, (Alfredo Bevilaqua, Frederico do Nascimento, Carlos de Mesquita, Paulo Porto Alegre e Miguel Cardoso ) confirmou o veredicto do público, concedendo a palma ao hino de Leopoldo Miguez, que, como os demais, fora feito sobre os versos de Medeiros e Albuquerque. Deodoro e os ministros assinaram então, os decretos de oficialização do Hino Nacional e do Hino da Proclamação da República, e retornaram ao camarote, de onde o Ministro do Interior fez a respectiva leitura. A banda repetiu o hino escolhido e, a pedido do público, foi também executado o hino de Francisco Manuel, o que iria produzir no público presente uma emoção indescritível. Confirmava-se assim, entre todos, a impressão do Marechal Deodoro, o qual, ao ouvir pela primeira vez, o hino de Miguez, dissera “ Prefiro o velho “......
Ao Hino Nacional, só faltava uma letra a altura. O escritor Coelho Neto, em 1906, subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante “.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
Pequena Biografia e foto de
Joaquim Osório Duque-Estrada



Joaquim Osório Duque-Estrada ( nome completo ) nasceu em Pati do Alferes ( RJ ) a 29 de abril de 1870 e faleceu a 05 de fevereiro de 1927, na Cidade do Rio de Janeiro. Filho do Tenente-Coronel, Luiz de Azevedo Coutinho Duque-Estrada e Dna. Mariana Delfim Duque-Estrada, era afilhado do General Osório, Marques do Herval, de quem recebeu o segundo nome. Cursou o Colégio Pedro II onde, em 1887, Silvio Romero o distinguiu entre os alunos prefaciando o seu primeiro livro de poesias, Alvéolos. Recebeu o grau de bacharel em letras em 1888.
Publicou 27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções e libretos de operas – destacando além de Alvéolos, Flora de Maio, A Arte de Fazer Versos e A Abolição, este com prefácio de Rui Barbosa.
Foi critico-literário, mantendo por muito tempo a secção “ Registro Literário “ no “Correio da Manhã”, no “Imparcial” e no “Jornal do Brasil”.
Em 1888 escreveu os primeiros ensaios como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Nesse ano alistou-se nas fileiras republicanas, ao lado de Silva Jardim, entrando para o Centro Lopes Trovão. Em 1891dedicou-se à diplomacia sendo nomeado 2º Secretário de Alegação, no Paraguai. De 1893 a 1896, morou em Minas Gerais, onde foi redator do “Eco de Cataguazes”.
Destacou-se no magistério como professor e inspetor-geral de ensino, até o ano de 1902, quando foi nomeado regente interino da cadeira de História Geral e do Brasil no Colégio Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase todos os jornais do Rio de Janeiro.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1915, na vaga de Silvio Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono, Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho Neto.
Em outubro de 1909 elaborou o seu “Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro” , aprovado oficialmente, por Decreto em 06 de setembro de 1922, véspera da comemoração do centenário da Independência.
Os belos e patrióticos versos do nosso glorioso Hino Nacional, magnificamente adaptados à música de Francisco Manuel da Silva, composta em 1822, consagrou para sempre o nome de Osório Duque Estrada, como bem se expressa Roquete Pinto, seu sucessor na Academia Brasileira de Letras: “Seu pensamento há de palpitar por entre gerações: a gente pequenina, hoje mais feliz que a do meu tempo, pode cantar o Hino de Francisco Manuel”.
Pequena Biografia e foto de
Francisco Manuel da Silva



Compositor, regente, violoncelista e professor, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1795.
Começou a estudar música ainda menino com o padre José Maurício Nunes Garcia. Aos 10 anos passou a estudar violoncelo e, quatro anos depois ingressou como soprano no Coro da Capela Real. Em 1816, passou a estudar contra-ponto e composição. Em 1825, era o Segundo Violoncelo da Capela Imperial. A 14 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara foi executado um hino de sua autoria, que teria sido composto naquele ano para comemorar o “ 7 de abril “ ( abdicação de D. Pedro I ) e que, mais tarde, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. Segundo alguns autores, entretanto, o hino foi composto em 1822/1823, para comemorar a Independência do Brasil.
Em 1833, fundou a Sociedade Beneficência Musical, da qual foi eleito presidente. Em 1841, assumiu o cargo de Mestre Geral da Capela Imperial e em 1842, foi nomeado, Mestre Compositor da Capela Imperial. Ocupou cargos de direção de vários teatros e companhias líricas.
Alem de outros hinos, compôs música instrumental, música vocal e um repertório extenso de música sacra.
Foi condecorado com a “Ordem Rosa”, no grau de Oficial, em 1857.
Em 1863 realizou o lançamento da pedra fundamental da sede do Conservatório de Música. Sua última música foi “Peça para soprano, harpa, harmônio e orquestra” executada na Igreja São Francisco de Paula.
Faleceu a 18 de dezembro de 1865, vitima de Tísica Laringopulmonar





Patativa do Assaré

100 ANOS *** Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar onde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. 'Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão', declamava.

Dr. Apolônio


Dr. Apolônio de Perga Bandeira Barros
Filho do Dr. Joaquim Cavalcanti Leal de Barros e D. Domitila Teles Leal de Barros. Nasceu em 12 de julho de 1883 na cidade de Recife, em cuja academia se formou em Ciências Sociais e Jurídicas, no mês de dezembro de 1904.
Foi nomeado juiz substituto de Crateús em janeiro de 1905 e assumiu o exercício deste cargo a 13 de fevereiro do mesmo ano. Foi nomeado Juiz de Direito de são Benedito a dois de julho de 1911 e entrou em exercício no dia 23 do mesmo mês e ano. Removido a seu pedido, dali para a comarca de Ipu, assumiu o exercício do cargo a 20 de abril de 1920 (Provavelmente no lugar de Eusébio de Sousa).
Foi musicista, orador oficial do Gabinete Ipuense de Leitura e nomeado membro ilustre da Euterpe Ipuense quando da sua morte. Foi presidente do Ipu Foot Ball Club e sócio do Centro Artístico Ipuense.
Faleceu a 12 de abril (confirmar) de 1922 de uma infecção intestinal
Em sua honra foi construída uma Praça distintamente elegante e bem arquitetada para dar maior realce a sua localização, dada a posição que a mesma ocupa e que está localizada no Alto dos Quatorze, no topo do grande e populoso Bairro de nossa terra.
Teve a sua construção em 1994 pelo Prefeito José Carlos Sobrinho – O ZEZÉ.
Uma praça que merece um destaque todo especial por se encontrar construída em local aprazível e estratégico com todas as características de uma Praça que merece a nossa admiração pela beleza de sua ornamentação e iluminação toda em estilo colonial.
Recebeu o nome de Dr. Apolônio de Perga Bandeira Barros; não era ipuense, mas aqui se instalou na década de vinte do século passado como Juiz de Direito e Músico, Dramaturgo e Poeta. Encontrou na Terra de Iracema o apoio merecido e o que é mais importante todo o calor da imaginação e criação do ipuense.
Era irmão do Tem. Pedro Alberto Lins Barros, comandante da coluna Prestes quando passou na nossa Região.
Dr. Apolônio deixou várias peças musicais, a mais célebre foi à marcha fúnebre ainda hoje executada pela Banda de Música da Cidade, chamada “DESILUSÃO”; já como comediógrafo produziu inúmeros trabalhos dentre eles a comédia “Um Casal e Meio”, toda musicada e cômica encenada muitas vezes pelo Grupo Teatral Ipuense e pelo Teatro Ernestina Magalhães ambos de Ipu.
Esta, pois aí a nossa pracinha conhecida também como “Praça do Alto dos Quatorze” que vem servindo grandemente a todos que se deleitam com o seu estratégico local de lazer.
Foi restaurada no ano de 2007 ficando a Pracinha maravilhosamente encantadora.
Dados extraídos, em sua maioria, do Jornal Correio do Norte de 13 de abril de 1922, nº. 217. Complementados por Francisco de Assis Martins (Professor Melo).

sexta-feira

Carlos Gomes




Antonio Carlos Gomes, nasceu na atual cidade de Campinas, estado de
São Paulo, na época chamada Vila São Carlos, aos 11 de junho de 1836.
Seu pai, Manoel José Gomes, reputado professor de piano, canto, órgão
violino na vila, era conhecido pelo apelido de Maneco Músico. Carlos Gomes
(depois também apelidado Tonico de Campinas) cedo revelou sua vocação
musical. Logo entrou para a Banda Marcial cujo regente era seu pai e onde
também tocava seu irmão de sangue José Pedro de Sant´Anna Gomes.
Aos onze anos começa seus estudos regulares de música logo após
terminar o curso básico. Inicia pela clarineta, logo mudando para o piano e o violino.
Quanto ao piano, logo em 1848, deu récitas nas quais figuravam suas
primeiras produções musicais, incluindo músicas solo para o instrumento e modinhas.
Três anos mais tarde, formando conjunto com o irmão, violinista já
conhecido na região, apresentam-se com regularidade e tem a
oportunidade de apresentar suas obras que, embora ainda
comprometidas como o lazer de salão da época (modinhas, valsas,
mazurcas) já apontam decididamente na direção da influência
decisiva de sua feitura posterior: a italiana.
Em 1856 escreve uma obra mais séria, a ¨Missa de São Sebastião¨,
dedicada ao Maestro Henrique Luiz Levy. Em 1859, num concerto organizado
juntamente com o músico Ernest Maneille no teatro São Carlos de
Campinas apresenta nova obra sua, as ¨Variaç:ões para clarineta¨ sobre o 
motivo do romance ¨Alta Noite¨. Nesse mesmo ano, acompanhado pelo 
mesmo músico, abre em Campinas, um curso de piano, canto e música. 
Mudando-se para São Paulo com seu irmão, passa a viver em repúblicas 
de estudantes e a tocar em concertos particulares, juntamente com 
Henrique Luiz Levy. São dessa época de boemia e atribuições (1859) 
o ¨Hino Acadêmico¨ em homenagem aos estudantes da Faculdade de 
Direito do Largo São Francisco de São Paulo, e a famosa modinha 
¨Quem Sabe¨, em homenagem a Ambrosina Corrêa do Lago, seu primeiro amor.
Nesse mesmo ano, ainda, muda-se para a cidade do Rio de Janeiro a
fim de matricular-se no Conservatório de Música para prosseguimento dos
estudos musicais, na classe de contraponto de Gioacchino Gianinni.
Francisco Manuel da Silva, àquela época diretor do Conservatório,
entusiasma-se com os rápidos avanços do talento musical de Carlos Gomes.
Encomenda-lhe então, uma cantata (¨Salve dia de ventura¨) para
execução perante o Imperador Pedro II, a qual é apresentada a 15 de março
de 1860, com o próprio compositor na regência. Por essa obra e seu sucesso, o
Imperador lhe ofereceu uma medalha de ouro. Pela composição de uma nova
cantata (¨A última hora do Calvário¨), estreada em 15 de agosto de 1860, na
Igreja Santa Cruz dos Militares, foi nomeado ensaiador e regente da
orquestra da Imperia Academia de Música e Ópera Nacional.
Em 4 de setembro de 1861 vai à cena a primeira ópera de Carlos
Gomes, ¨A Noite do Castelo¨, sob a regência do próprio compositor, com versos
de Antonio José Fernandes dos Reis, baseados no poema homônimo de
Antonio Feliciano de Castilho, no Teatro Lírico Fluminense.
Em 15 de setembro de 1863 estréia sua segunda ópera, ¨Joana de Flandres¨,
no Teatro Lírico Nacional, sobre libreto original de Salvador de Mendonça. Já
agraciado pelo Imperador com a Ordem da Rosa, e após grande êxito, Carlos
Gomes recebe uma pensão para ir estudar na Europa. Em 8 de dezembro de
1863 partia para a Itália, com o objetivo de cursar o Conservatório de Milão.
Entrou para a classe do Maestro e compositor operístico Lauro Rossi.
Três anos depois, Carlos Gomes recebia o diploma de Maestro e Compositor.
Em 1867/68 escreve as músicas das revistas ¨Se as minga¨, e ¨Nella Luna¨, a
primeira com versos de Antonio Scalvini e a segunda com versos de Emilio
Torelli-Viollier, encerradas com muito êxito nos Teatros Fossati Carcano,
respectivamente. Algumas de suas melodias chegaram a ficar muito
populares a ponto de serem executadas pelos tradicionais realejos.
Em 19 de março de 1870 estréia no Teatro Alla Sacla sua terceira
ópera, a primeira escrita na Itália: ¨Il Guarany¨, baseada no romance
homônimo de José de Alencar, com libreto inicial de Antonio Scalvini,
terminando por Carlo d´Omerville, grande sucesso de crítica e público.
Logo após sua estréia, foi encenada em todas as principais capitais
européias. Por esse sucesso, recebe o título de Cavaleiro da Ordem da Coroa.
Em agosto desse ano retorna ao Brasil. No Rio de Janeiro é recebido
como herói, ovacionado publicamente. Organiza então, a estréia nacional do
¨Il Guarany¨, levada a efeito no Teatro Lírico Fluminense a 02 de dezembro
de 1870. Em 1871, já tendo retornado à Milão, casa-se com Adelina Peri, uma
ex-colega do Conservatório. Em 16 de fevereiro de 1873, no Teatro Alla Scala
de Milão, estréia a ópera ¨Fosca¨, com libreto de Antonio Ghislanzoni, tendo
obtido um sucesso menor. Em 1878 Carlos Gomes deu início à construção 
de uma grande mansão em Maggianico-Lecco, nos Varredores de Milão, 
local importante intelectualmente naquela época, cuja casa colossal, no futuro, 
só lhe trará preocupações e, certamente, a ruína financeira.
Em 21 de março de 1874 estréia no Teatro Carlo Felice de Gênova sua
ópera Salvator Rosa e em 27 de março de 1879, no Teatreo Alla Scala de
Milão sua ópera Maria Tudor. Em 1880, de volta ao Brasil, dirige na Bahia,
as encenações de ¨Il Guarany¨ e ¨Salvator Rosa¨, logo em seguida tendo ido ao
Rio de Janeiro com os mesmo propósitos e realizações. Nesse ano, ainda na
Bahia, faz apresentar a estréia de seu ¨Hino à Camões¨, realizada no Teatro
São José. Em novembro desse mesmo ano retorna à Itália e lá permanece por
dois anos, trabalhando febrilmente em vários libretto, os quais jamis serão
terminados. Volta novamente ao Brasil em 1882 e, a partir de então, passa a viver
parte do tempo em seu país natal e parte no seu país de adoção e glórias.
Nesse ano realiza uma execução pelo norte do país com muito sucesso.
A 7 de setembro nasce sua filha Ítala Maria, que irá escrever sua
biografia. Em 1883 inicia a composição da ópera ¨Lo Schiavo¨, com libreto de
Rodolfo Paravicini, a qual estréia no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, sob
o patrocínio da Princesa Isabel (a quem é dedicada) a 27 de setembro de 1889.
Com a proclamação da República, a 15 de novembro desse ano, Antonio
Carlos Gomes perde o apoio oficial que sempre obteve do Imperador Pedro II
e, também a esperança de tornar-se diretor do Conservatório de Música do
Rio de Janeiro, devendo, por isso, Ter de retornar a Milão a fim de,
conseguindo novas encomendas, tentar acertar as suas já inúmeras
dificuldades financeiras. É obrigado a desfazer-se de sua mansão e 
vai morar no apartamento da Condessa Cavallini, onde se põe a musicar 
um libreto, o ¨Cântico dos Cânticos¨ de Felice Cavallotti, que também 
permanece inconcluso. Em outubro de 1890 o Teatro Alla Scala lhe dá o 
encargo de musicar um libreto de Mario Canti. Em 21 de fevereiro de 
1891 estréia a ¨Odaléia¨. Doente e em situação financeira muito delicada, 
escreve seu último trabalho completo, o que ele próprio chamou Poema 
Vocal Sinfônico denominado ¨Colombo¨, um oratório em quatro partes para coro, 
solistas e orquestra, escrito para comemorar em 1892, o quarto centenário do 
descobrimento da América, sobre o poema de Albino Falanca.
É estreado no teatro Lírico do Rio de Janeiro a 12 de outubro de 1892,
representando um grande fiasco. Visita os EUA no ano seguinte na qualidade
de membro da delegação brasileira à Exposição Universal Colombiana de
Chicago. Na ocasião dirige um concerto lírico com trechos do ¨Il Guarany¨,
¨Salvator Rosa¨ e ¨Odaléia¨, com sucesso.
Em 1894 recebe uma proposta de trabalhar pelo novo governo
brasileiro republicano que concorda em lhe pagar 20000 libras, pela
composição do Hino da Republica. Dizendo-se fiel ao Imperador deposto, e
sobretudo, monarquista, recusa e não recebe o dinheiro. Em março de 1895
dirigiu em Lisboa, a encenação de ¨Il Guanary¨ no Teatro São Carlos. Foi
nessa cidade que recebeu sua derradeira homenagem: a condecoração, pelo rei
Carlos , com a Ordem de São Tiago da Espada. Carlos Gomes recusa a direção
da Escola de Música de Veneza, que lhe é oferecida e prepara-se para volta ao
Brasil. A incurável doença na língua e garganta já bastante avançada, quando
chega ao Pará. Toma a posse da direção do Conservatório em 1º de junho de
1896, vindo a falecer três meses depois aos 60 anos, vitimado pelo tumor
maligno. A data: 16 de setembro de 1896. Os funerais foram grandiosos.



Pixinguinha




Alfredo da Rocha Viana
Pixinguinha
(1897 – 1973)
Músicos, musicólogos e amantes de nossa música podem
discordar de uma coisa ou outra. Afinal, como diria a vizinha gorda
e patusca de Nélson Rodrigues, gosto não se discute. Mas, se há um
nome acima das preferências individuais, este é Pixinguinha. O
crítico e historiador Ari Vasconcelos sintetizou de forma admirável
a importância desse fantástico instrumentista, compositor,
orquestrador e maestro:“Se você tem 15 volumes para falar de toda
a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se
dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido;
escreva depressa: Pixinguinha.”
Uma rápida passagem pela sua vida e sua obra seria
suficiente para verificar que ele é responsável por façanhas
surpreendentes, como a de estrear no disco aos 13 anos de idade
revolucionando a interpretação do choro. É que naquela época
(1911) a gravação de disco ainda estava em sua primeira fase no
Brasil e os instrumentistas, mesmo alguns ases do choro, pareciam
intimidados com a novidade e tocavam como se tivessem pisando
em ovos, com medo de errar. Pixinguinha começou com segurança
total e improvisou na flauta com a mesma tranqüilidade com que
tocava nas rodas de choro ao lado do pai e dos irmãos, também
músicos, e dos muitos instrumentistas que formavam a elite
musical do início do século XX.
Pixinguinha só não era eficiente em certos aspectos da vida
prática. Em 1968, por exemplo, a música popular brasileira, os
jornalistas, os amigos e o próprio governo do então estado da
Guanabara mobilizaram-se para uma série de eventos
comemorativos pela passagem dos seus 70 anos no dia 23 de abril.
Sabendo que a certidão de nascimento mais utilizada em fins do
século XIX era a certidão de batismo, o músico e pesquisador Jacob
Bitencourt, o grande Jacob do Bandolim, compareceu à igreja de
Santana, no Centro do Rio, para obter uma cópia da certidão de
batismo de Pixinguinha, e descobriu que ele não fazia 70 anos, mas
71, pois não nascera em 1898 como sempre informou, mas em 1897.
O erro fora consagrado “oficialmente” em 1933, quando Pixinguinha
procurou o cartório para fazer a sua primeira certidão de
nascimento. Mas não se enganou apenas no ano. Registrou-se com o
mesmo nome do seu pai, Alfredo da Rocha Viana, esquecendo-se do
Filho, que era seu, e informou errado o nome completo da mãe:
Raimunda Rocha Viana em vez de Raimunda Maria da Conceição.
O que é certo é que tinha muitos irmãos: Eugênio, Mário, Oldemar e
Alice, do primeiro casamento de Raimunda, e Otávio, Henrique,
Léo, Cristodolina, Hemengarda, Jandira, Hermínia e Edith, do
casamento dela com Alfedo da Rocha Viana. Ele era o caçula.
A flauta e as rodas de choros não impediram que tivesse uma
infância como as outras crianças, pois jogava bola de gude e soltava
pipa nos primeiros bairros em que morou, Piedade e Catumbi. O
pai, flautista, não só deu a ele a primeira flauta como o encaminhou
para os primeiros professores de música, entre os quais o grande
músico e compositor Irineu de Almeida, o Irineu Batina. Seu
primeiro instrumento foi cavaquinho mas mudou logo para a flauta.
Sua primeira composição, ainda bem menino, foi Lata de leite, um
choro em três partes como era quase obrigatório na época. Também
foi em 1911 que se incorporou à orquestra do rancho carnavalesco
Filhas da Jardineira, onde conheceu os seus amigos de toda a vida,
Donga e João da Baiana.
O pai preocupava-se também com os estudos curriculares do
menino, que, antes de freqüentar os bancos escolares , teve
professores particulares. Ele, porém, queria mesmo era a música.
Tanto que, matriculado no Colégio São Bento, famoso pelo seu rigor,
matava aula para tocar no que seria o seu primeiro emprego, na
casa de chope A Concha, na Lapa Boêmia. “Às vezes, ia lá com a
farda do São Bento”, recordou Pixinguinha em seu depoimento ao
Museu da Imagem e do Som. Tudo isso, antes de completar os 15
anos, quando inclusive trabalhou como músico na orquestra do
Teatro Rio Branco. Em 1914, com 17 anos, editou pela primeira vez
uma composição de sua autoria, chamada Dominante. Na edição da
Casa Editora Carlos Wehrs, seu apelido foi registrado como
Pinzindim. Na verdade, o apelido do músico ainda não contava com
uma grafia definitiva, pois fora criado pela sua avó africana. O
significado de Pinzindim teve várias versões. Para o radialista e
pesquisador Almirante, significava “menino bom” num dialeto
africano, mas a melhor interpretação, sem dúvida, é a do
pesquisador de cultura negra e grande compositor Nei Lopes, que
encontrou a palavra psi-di numa língua de Moçambique, que
significa comilão ou glutão. Como Pixinguinha já carregava também
o apelido caseiro de Carne Assada, por ter sido surpreendido
apropriando-se indevidamente um pedaço de carne assada antes do
almoço que seria oferecido pela família a vários convidados, é
provável que a definição encontrada por Nei Lopes seja a mais
correta.
Em 1917, gravou um disco do Grupo do Pechinguinha [sic] na
Odeon com dois clássicos da sua obra de compositor, o choro Sofres
porque queres e a valsa Rosa, sendo que esta última tornou-se mais
conhecida em 1937, quando foi gravada por Orlando Silva. Naquela
altura, ele já era um personagem famoso não só pelo seu talento de
compositor e de flautista como por outras iniciativas, entre as quais
sua participação no Grupo do Caxangá, que saía no carnaval desde
1914 e era integrado por músicos importantes como João
Pernambuco, Donga e Jaime Ovale. E era também uma das figuras
principais das rodas de choro na famosa casa de Tia Ciata (Hilária
Batista de Almeida), onde o choro ocorria na sala e o samba no
quintal. Foi lá que nasceu o famoso Pelo telefone, de Donga e Mauro
de Almeida, considerado o primeiro samba gravado. Em 1918,
Pixinguinha e Donga foram convocados por Isaac Frankel,
proprietário do elegante cinema Palais, na Avenida Rio Branco para
formar uma pequena orquestra que tocaria na sala de espera. E
nasceu o grupo Oito Batutas, integrado por Pixinguinha (flauta),
Donga (violão), China, irmão de Pixinguinha (violão e canto),
Nélson Alves (cavaquinho), Raul Palmieri (violão), Jacob Palmieri
(bandola e reco-reco) e José Alves de Lima, Zezé (bandolim e ganzá).
“A única orquestra que fala alto ao coração brasileiro”, dizia o
letreiro colocado na porta do cinema. Foi um sucesso, apesar de
algumas restrições de caráter racista na imprensa. Em 1919,
Pixinguinha gravou Um a zero, que compusera em homenagem à
vitória da seleção brasileira de futebol sobre a uruguaia, dando ao
país seu primeiro título internacional, o de campeão sulamericano.
É impressionante a modernidade desse choro, mesmo quando
comparado a tantas obras criadas mais de meio século depois.
Os Oito Batutas viajaram pelo Brasil e, em fins de 1921,
receberam um convite irrecusável: uma temporada em Paris,
financiada pelo milionário Arnaldo Guinle. E, no dia 29 de janeiro
de 1922, embarcaram para a França, onde permaneceram até
agosto tocando em casas diferentes, sendo a maior parte do tempo
no elegante cabaré Sheherazade. Foi em Paris que Pixinguinha
ganhou de Arnaldo Guinle o saxofone que iria substituir a flauta no
início da década de 1940, e Donga recebeu o banjo, com o qual faria
muitas gravações. Na volta da França, o grupo fez várias
apresentações no Rio de Janeiro (inclusive na exposição
comemorativa do centenário da independência) e, em novembro de
1922, novamente os Oito Batutas viajaram, dessa vez para a
Argentina, percorrendo o país durante cerca de cinco meses e
gravando vários discos para a gravadora Victor. Na volta ao Brasil,
a palavra Pixinguinha já ganhara sua grafia definitiva nos discos e
na imprensa. Novas apresentações em teatros e em vários eventos e
muitas gravações de disco, com seu grupo identificado com vários
nomes: Pixinguinha e Conjunto, Orquestra Típica Pixinguinha,
Orquestra Típica Pixinguinha-Donga e Orquestra Típica Oito
Batutas.
Os arranjos escritos para seus conjuntos chamaram a atenção
das gravadoras, que sofriam na época com a quadradice dos
maestros da época, quase todos estrangeiros e incapazes de escrever
arranjos com a bossa exigida pelo samba e pela música de carnaval.
Contratado pelo Victor, fez uma verdadeira revolução, vestindo a
nossa música com a brasilidade que fazia tanta falta. São
incontáveis os arranjos que escreveu durante os anos em que atuou
como orquestrador das gravadoras brasileiras. Tudo isso nos leva a
garantir que não estará cometendo qualquer exagero quem afirmar
que Pixinguinha foi o grande criador do arranjo musical brasileiro.
Na década de 1930, gravou também muitos discos como
instrumentista e várias músicas de sua autoria (entre as quais as
fantásticas gravações de Orlando Silva de Rosa e Carinhoso), mas o
mais expressivo daquela fase (incluindo mais da metade da década
de 1940) foi a sua atuação como arranjador.
Em 1942, fez a última gravação como flautista num disco com
dois choros de sua autoria: Chorei e Cinco companheiros. Ele nunca
explicou direito a troca para o saxofone, embora se acredite que o
consumo excessivo de bebida seja o motivo. Mas a música brasileira
foi enriquecida pelos contrapontos que fazia no sax e com o
lançamento de dezenas de disco em dupla com o flautista Benedito
Lacerda, certamente um dos momentos mais altos do choro em
matéria de gravações. Em fins de 1945, Pixinguinha participou da
estréia do programa “O pessoal da Velha Guarda”, dirigido e
apresentado pelo radialista Almirante e que contava também com a
participação de Benedito Lacerda. Em julho de 1950, uma iniciativa
inédita de Pixinguinha: gravou cantando o lundu da sua autoria
(letra de Gastão Viana) Yaô africano, que fora gravado em 1938.
Em 1951, o prefeito do Rio, João Carlos Vital, nomeou-o professor
de música e de canto orfeônico (ele era funcionário da prefeitura
desde a década de 1930). Até aposentar-se deu aulas em várias
escolas cariocas. A partir de 1953, passou a freqüentar o Bar
Gouveia, no Centro da cidade, numa assiduidade interrompida
apenas por problemas de doenças. Acabou contemplado com uma
cadeira permanente, com o seu nome gavado, na qual apenas ele
poderia sentar.
Um grande acontecimento foi o Festival da Velha Guarda,
que comemorava o quarto centenário da cidade de São Paulo, em
1954. Pixinguinha reuniu o seu pessoal da Velha Guarda (mais uma
vez sob o comando de Almirante) e realizaram várias apresentações
no rádio, na televisão e em praça pública com a assistência de
dezenas de milhares de paulistas. Antes da volta ao Rio, Almirante
recebeu uma carta do presidente do Sindicato dos Jornalistas de
São Paulo, dizendo, entre outras coisas, que, “dentre todas as
extraordinárias festividades em que se comemora o quarto
centenário, nenhuma teve maior repercussão em São Paulo, nem
conseguiu tocar mais profundamente o coração do seu povo”. Em
1955, foi realizado o segundo Festival da Velha Guarda, mas sem a
repercussão do primeiro.
O mais importante de 1955, para Pixinguinha, foi a gravação
do seu primeiro long-play, com a participação dos seus músicos e de
Almirante. O disco recebeu o nome de “Velha Guarda”. No mesmo
ano, a turma toda participou do show O samba nasce no coração, na
elegante casa noturna Casablanca. No ano seguinte, a rua em que
ele morava, no bairro de Ramos, a Berlamino Barreto, ganhou o
nome oficial de Pixinguinha, graças a um projeto do vereador
Odilon Braga, sancionado pelo prefeito Negrão de Lima. A
inauguração contou com a presença do prefeito e de vários músicos
e foi comemorada com uma festa que durou dia e noite, com muita
música e bastante álcool. Em novembro de 1957, ele foi um dos
convidados pelo presidente Juscelino Kubitschek para almoçar com
o grande trompetista Louis Armstrong no Palácio do Catete. Em
1958, depois de um almoço no clube Marimbás e sofreu um mal
súbito. No mesmo ano, seu conjunto da Velha Guarda foi o escolhido
pela então poderosa revista O Cruzeiro para recepcionar os
jogadores da seleção brasileira, que chegavam da Suécia com a
Copa do Mundo conquistada. Em 1961, fez várias músicas com o
poeta Vinícius de Morais para o filme Sol sobre a lama, de Alex
Viany. Em junho de 1963, sofreu um enfarte que o levou a passar
várias internado num casa de saúde.
Em 1968, seus 70 anos (que, na verdade, como vimos, eram
71) foram comemorados com um espetáculo no teatro Municipal que
rendeu um disco, uma exposição no Museu da Imagem e do Som,
uma sessão solene na Assembléia Legislativa carioca e um almoço
que reuniu centenas de pessoas numa churrascaria da Tijuca. Em
1971, Hermínio Belo de Carvalho produziu um disco intitulado Som
Pixinguinha, com orquestra e solos de Altamiro Carrilho na flauta.
Em 1971, um daqueles momentos que levavam seus amigos e
considerá-lo santo: sua mulher, dona Beti, passou mal e foi
internada num hospital. Dias depois, foi ele acometido de mais um
problema cardíaco, foi também internado no mesmo hospital, mas,
para que ela não percebesse que também estava doente, colocava
um terno nos dias de visita e ia visitá-la como se estivesse vindo de
casa. Por essa e por outras é que Vinícius de Morais dizia que, se
não fosse Vinícius, queria ser Pixinguinha. Dona Beti morreu no dia
7 de junho de 1972, aos 74 anos de idade.
No dia 17 de fevereiro de 1973, quando se preparava para ser
o padrinho de uma criança na Igreja Nossa Senhora da Paz, em
Ipanema, sofreu o último e definitivo enfarte. A Banda de Ipanema,
que fazia naquele momento um dos seus mais animados desfiles,
desfez-se imediatamente com a chegada da notícia. Ninguém queria
saber de carnaval.